14 outubro 2012

Richie Sambora@Berlim 13/10/2012

Depois de 14 anos como guitarrista dos Bon Jovi a tempo inteiro, 2012 viu o terceiro disco a solo de Richie Sambora ver a luz do dia. Com edição através da pequena editora independente Dangerbird, o compositor e músico de New Jersey fez-se à estrada e com uma banda de mais 5 elementos marcou 10 datas entre a Europa e a América do Norte.

Em Berlim, o quarto e penúltimo concerto em terras do velho continente, Sambora apresentou-se na sala de espectáculos Huxley, que apesar de não ter esgotado encontrava-se bem recheada com fãs do guitarrista oriundos de vários pontos da Alemanha e da própria Europa. Como banda de abertura surgiu um músico Irlandês que sozinho subiu ao palco e, munido de guitarra acústica e harmónica, entreteve a audiência durante 45 minutos. Apesar de muito comunicativo e das canções simples que apresentou, não foram muitos os que aderiram às diversas tentativas de interacção.

Pelas 21:15 ao som da intrução de The Resistence dos Muse, as luzes apagam-se e seis músicos entram em palco. Ao sinal do maestro, dá-se a erupção de som e Burn the Candle Down marca o início do concerto.

Acompanhados de uma produção na qual se destacam o jogo de luzes e vários ecrãs verticais no fundo do palco, nos quais são projectadas imagens de acordo com o tema interpretado, a banda concentra-se nas canções, demonstrando uma atitude simples de quem se quer divertir fazendo jams à volta das músicas.

A primeira hora de concerto é composta principalmente por temas do álbum Aftermath of the Lowdown, os quais ganham novos arranjos e solos extra de forma a exprimirem todo o talento dos músicos.
Every Road Leads Home to You surge em segundo lugar no alinhamento e  as vozes que se ouvem na plateia a ecoar o tema, demonstram que os fãs aprovam o single escolhido.


O primeiro tema a surgir que não pertence ao disco a ser promovido é Stranger in this Town, o qual é sublimemente interpretado, demonstrando as raízes blues do guitarrista.


Quanto ao novo material apresentado, Nowadays e Sugar Daddy servem de apoio para jams de solos improvisados, enquanto que Learning How to Fly (Broken Wing), Taking a Chance on the Wind ou Weathering the Storm permitem diminuir a velocidade, apostando na intensidade dos ambientes Soul , Country ou Classic Rock.


A primeira incursão pelo catálogo dos Bon Jovi é feita através da balada I'll be There for Uou, a qual é introduzida por um pequeno treixo de Hungry Heart de Bruce Springsteen, interpretado numa versão bastante lenta e somente à guitarra. Apesar dos fãs estarem acostumados a ver o guitarrista a tocar a balada, a verdade é que Richie se entrega a ela com uma grande intensidade, facto que se comprova pela expressividade facial do artista quando se encarrega de improvisar solos e pela constante interacção que acontece na parte final do tema, quando o público ecoa os coros finais e Richie se encarrega de improvisar a letra. Uma interpretação sublime com direito a dois regressos ao tema depois da audiência insistir com os coros finais.


Do segundo disco a solo, Undiscovered Soul, ouviu-se Hard Times Come Easy, que serve para mais um jam de improvisação e novas interacções com o público, e Fallen from Graceland, com direito a apresentação de cada um dos membros da banda e coros Soul no qual se destaca o guitarrista ritmo pela amplitude de notas que consegue chegar nos coros da música.


A balada acústica Shooting Star, original dos Bad Company, foi a principal surpresa do main set, transportando todos os presentes para o início dos anos 90 quando quer a solo, quer com os Bon Jovi, esta rendição do tema foi popularizada. You Can Always Get so High foi o ùltimo tema do novo disco a ouvir-se, provando a veia de Richie para baladas acústicas.


Para encerrar o main set, Richie escolheu Who Says You Can't Go Home dos Bon Jovi, numa versão que contou com algumas covers a meio e um diálogo de coros entre Sambora e a audiência nos refrões finais da música.


De volta para o primeiro encore, Richie trouxe o seu chapéu de cowboy e partiu para um solo introdutório popularizado nos concertos dos Bon Jovi dos anos 90, antes da cover Midnight Rider (outra viagem ao baú de memórias). Momentos estes que criaram a antecipação para o mais do que esperado Wanted Dead or Alive, no qual a audiência teve direito a cantar sozinha todo o primeiro verso, enquanto que o King of Swing se encarregou de dar alma ao resto do tema com uma das frases mais míticas do Rock n Roll, "I've seen a million faces and I've rocked them all". E de facto, foi o que aconteceu com mais uma audiência rendida.


Seguiu-se mais um jam, desta vez de temas dos Beatles, os quais permitiram a Richie prestar homenagem a uma das suas bandas de referência. Em seguida, a banda despediu-se, mas o público tratou de ecoar os coros se I'll be There For You até a banda voltar para uma longa interpretação de These Days, com direito a discurso introdutório e coros finais repetidos incessantemente. Mais uma despedida com alguma audiência a pensar que seria o fim, tal como acontecera nos concertos anteriores.


No entanto, a banda regressou para um terceiro e derradeiro encore. Richie começou por dizer que não tinha tido tempo para ensaiar o tema que tinha vindo a ser pedido pelos fãs: The Answer. O tema acústico do primeiro álbum foi interpretado sublimemente até à sua conclusão, quando Richie não se recordou das transições na guitarra. Depois de rir ainda tentou de novo com a ajuda do teclista terminar o tema, mas perante as dificuldades prometeu voltar a repetir o mesmo já devidamente ensaiado. Apesar do percalço no fim, este foi o momento da noite, já que demonstrou a espontaneidade e entrega do artista aos seus fãs. Para encerrar o concerto, foi entoada a versão acústica de Livin' on a Prayer com Richie a deixar a guitarra e, agarrando o microfone, desafiou o público a fazer harmonias num último refrão. Pouco depois deixou o palco, acenando alegremente enquanto a banda terminava o tema.


Mais do que um espectáculo de entretenimento, Richie Sambora e a sua banda de talentosos músicos, oferece em 2012, um concerto em formato jam session, em que mais do que se colarem aos originais, os músicos improvisam, mesmo que alterando letras ou certos arranjos.

Depois do concerto, dezenas de fãs dirigiram-se à saída do backstage fora do edifício, esperando Richie. Ouviram-se diversas interpretações de I'll Be There for You ou Seven Years Gone entoadas pelos fãs, acompanhados por guitarras acústicas. Passado algum tempo, foi o próprio manager de Richie que perguntou a um fã se ele queria a guitarra assinada pelo artista. Depois de levar duas guitarras e as trazer assinadas aos fãs, foi a vez da banda sair. Luke Ebbin, produtor do disco e músico de apoio na digressão, foi assediado pelos fãs, que lhe pediam para assinar os seus bilhetes do concerto. Quando Richie finalmente apareceu no topo das escadas que o conduziriam ao carro que se preparava para o levar, foi o delírio entre os fãs que o aplaudiram sem parar. Perante esta apoteose, Richie abriu os braços em sinal de agradecimento e com todo o seu carisma sorriu para a multidão. Desceu depois apressadamente e, entrando no carro, deixou o recinto. Depois de anos e anos a sair dos estádios surrareiramente com a sua banda de sempre, este foi sem dúvida um regresso à apoteóse do fim dos anos 80 e início dos anos 90, altura em que cenas como estas eram comuns. Não havia mais nada a fazer, a noite tinha chegado ao fim, mas o que ninguém pode negar é a grande noite de Rock vivida na cidade de Berlim por Richie Sambora e seus fãs no dia 13 de Outubro de 2012.

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